O que é lesão corporal leve?

·

Foto-de-dois-homens-brigando-Lesão-corporal-leve
Foto-de-dois-homens-brigando-Lesão-corporal-leve

A lesão corporal leve, frequentemente subestimada, é caracterizada por danos superficiais à integridade física ou à saúde da vítima, como pequenos cortes ou hematomas. Embora possa parecer insignificante, é importante lembrar que qualquer forma de violência é inaceitável e pode ser o início de uma escalada para agressões mais graves.

De acordo com o Atlas da Violência 2024, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil registrou 46.409 homicídios em 2022, com uma taxa de 21,7 mortes por 100 mil habitantes. No entanto, esse número pode ser ainda maior. O estudo aponta que 52.391 homicídios ocorreram nesse ano, considerando casos oficialmente registrados e mortes violentas sem causa determinada.

Entre 2012 e 2022, 131.562 pessoas morreram de forma violenta sem que o Estado conseguisse identificar a causa básica do óbito. A análise estima que 51.726 desses casos foram homicídios ocultos, ou seja, mortes que podem ter sido consequência de violências que começaram com agressões consideradas “menores”.

Esses dados alarmantes ressaltam a importância de não subestimar atos de violência considerados “menores”. A banalização da lesão corporal leve pode contribuir para a perpetuação de um ciclo de violência que, se não interrompido, pode resultar em consequências fatais.

Para entender mais sobre este tema, no post de hoje vamos esclarecer o conceito de lesão corporal leve, suas diferenças em relação a outros tipos de agressão e o que a lei prevê nesses casos.

O que é lesão corporal?

A lesão corporal é um crime previsto no artigo 129 do Código Penal Brasileiro, que define como lesão corporal qualquer ato que ofenda a integridade física ou a saúde de outra pessoa. Isso inclui qualquer dano que cause sofrimento físico, incapacidade temporária ou permanente, ou prejuízo à saúde da vítima.

O Código Penal não exige que a agressão deixe marcas visíveis para ser considerada lesão corporal, bastando que cause dor, hematomas, cortes ou qualquer outro prejuízo físico ou funcional. A punição varia de acordo com a gravidade do dano causado, podendo resultar em penas de detençãoou reclusão, conforme o impacto sobre a vítima.

Qual a diferença entre lesão corporal leve e vias de fato?

É considerado lesão corporal leve quando a agressão causa dor, ferimento ou qualquer prejuízo à integridade física ou saúde da vítima, mas sem gerar risco grave ou morte. Exemplos comuns incluem cortes superficiais, hematomas e escoriações. Esse crime pode levar à pena de detenção de até um ano e, em alguns casos, aplicação de medidas alternativas.

Já as vias de fato, previstas no artigo 21 do Código Penal, referem-se a agressões sem vestígios visíveis, como empurrões, puxões de cabelo ou beliscões. Embora não causem lesões aparentes, são atos ilícitos e podem levar à prisão simples de 15 dias a três meses ou multa (fonte: portal JusBrasil).

A principal diferença entre os dois crimes está na presença de lesão física. Se houver dano visível ou comprovado por exames médicos, configura-se lesão corporal leve. Caso a agressão não deixe marcas, trata-se de vias de fato.

Quais são os tipos de lesão corporal?

A lesão corporal pode variar de acordo com a gravidade dos danos causados à vítima. Veja abaixo os principais tipos:

  • Lesão corporal leve: Como já visto anteriormente, é quando a agressão causa dor, ferimentos superficiais ou qualquer prejuízo temporário à integridade física ou saúde, sem deixar sequelas permanentes. Exemplos incluem hematomas, arranhões e pequenas contusões.
  • Lesão corporal grave: Ocorre quando há risco de incapacidade para as atividades habituais por mais de 30 dias, deformidade permanente ou perigo de vida. Exemplo: fraturas ósseas ou queimaduras extensas.
  • Lesão corporal gravíssima: Caracteriza-se por sequelas permanentes, como perda de função de um membro, cegueira ou invalidez.
  • Lesão corporal seguida de morte: Quando a agressão, intencional ou não, resulta na morte da vítima.

Cada tipo de lesão tem um impacto diferente na vítima e pode ser comprovado por exames médicos e laudos periciais.

Dois-homens-brigando-em-um-escritório-Lesão-corporal-leve

Lesão corporal leve: o que pode provocar esse tipo de dano?

A lesão corporal leve geralmente ocorre em situações de conflito ou acidentes em que a integridade física da vítima é comprometida sem gerar consequências graves. Entre as causas mais comuns, destacam-se:

  • Brigas e discussões: conflitos interpessoais que resultam em agressões físicas, como socos, tapas e empurrões, levando a ferimentos superficiais.
  • Acidentes domésticos: quedas, cortes ou queimaduras ocorridas em casa, muitas vezes durante atividades rotineiras.
  • Violência doméstica: agressões dentro do ambiente familiar, especialmente contra mulheres, crianças e idosos, ainda que sem gravidade aparente.
  • Acidentes de trânsito: pequenas colisões ou atropelamentos que resultam em escoriações, contusões ou fraturas simples.
  • Práticas esportivas: lesões causadas por quedas, torções ou impactos durante atividades físicas.
  • Agressões escolares (bullying): empurrões, chutes ou socos entre estudantes, que podem gerar danos físicos menores.

Qual a importância do exame de corpo de delito em casos de lesão corporal?

Quando uma pessoa sofre uma lesão corporal leve causada por outra, seja em uma agressão física, briga ou violência doméstica, é essencial registrar um Boletim de Ocorrência e buscar provas para o processo. Entre os principais meios de comprovação está o exame de corpo de delito, que é realizado por peritos oficiais e documenta a existência e a gravidade da lesão.

Esse exame é fundamental para comprovar o crime e garantir que a vítima tenha respaldo legal. Sem ele, muitas denúncias podem ser arquivadas por falta de provas materiais. O laudo pericial detalha aspectos como o tipo de lesão, sua extensão e possível tempo de recuperação, servindo como base para o andamento do processo judicial.

Portanto, o exame de corpo de delito é uma peça-chave na responsabilização do agressor, devendo ser realizado o mais rápido possível para que as lesões ainda estejam visíveis e possam ser devidamente documentadas, assegurando que a vítima tenha respaldo legal para buscar justiça.

Como funciona o processo por lesão corporal?

Quando uma pessoa sofre lesão corporal leve, o primeiro passo é registrar um Boletim de Ocorrência (B.O.) em uma delegacia ou pela internet, dependendo do estado. Em seguida, a vítima deve realizar o exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) para comprovar as lesões.

Caso deseje prosseguir com a ação, é recomendável buscar um advogado especializado ou a Defensoria Pública para orientar sobre os próximos passos. Como a lesão corporal leve pode ser de ação penal pública condicionada, na maioria dos casos, a vítima precisa representar formalmente contra o agressor dentro do prazo de seis meses.

Após a denúncia, o Ministério Público pode oferecer a transação penal, uma alternativa para evitar o processo, aplicando penas como prestação de serviços. Se o caso for adiante, ocorre a audiência, onde são analisados provas e depoimentos.

Dica: reunir testemunhas, fotos das lesões e registros de ameaças pode fortalecer a acusação.

Qual o tipo de ação penal para lesão corporal leve?

A pena para lesão corporal leve está prevista no artigo 129 do Código Penal e varia conforme a gravidade do caso. Em situações comuns, a punição é de detenção de três meses a um ano, podendo ser substituída por medidas alternativas, como prestação de serviços à comunidade ou pagamento de multa.

Fatores como reincidência e agravantes podem influenciar a pena aplicada pelo juiz. O histórico do agressor e o impacto da lesão na vítima são considerados no julgamento.

Tem fiança para lesão corporal leve?

Atualmente, lesão corporal leve é um crime que admite fiança, que pode ser arbitrada pela autoridade policial ou pelo juiz, dependendo do caso.

No entanto, um projeto de lei aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado prevê o fim da fiança para crimes de lesão corporal praticados em violência doméstica, impedindo a liberdade do agressor por meio de pagamento (fonte: portal Senado Notícias).

Quando é possível a substituição de pena?

A pena para lesão corporal leve pode ser substituída por medidas alternativas, como prestação de serviços à comunidade ou pagamento de multa, desde que o réu não seja reincidente e o crime não tenha sido cometido em contexto de violência doméstica.

Tem como retirar queixa de lesão corporal?

Não, a vítima não pode retirar a queixa em casos de lesão corporal leve, pois, após a representação formal, o processo segue sob responsabilidade do Ministério Público. Como esse crime é de ação penal pública condicionada, a denúncia só pode ser retirada antes do oferecimento da ação, dentro do prazo de seis meses.

Já em situações de violência doméstica, a regra é ainda mais rígida. A lesão corporal nesse contexto é considerada crime de ação penal pública incondicionada, ou seja, não depende da vontade da vítima para ser processado.

Isso evita que a vítima seja pressionada a desistir da denúncia e garante que o agressor seja responsabilizado, protegendo a integridade da vítima e coibindo a reincidência da violência.

Como a lesão corporal é analisada em casos de violência doméstica?

A lesão corporal no contexto de violência doméstica possui um tratamento mais rigoroso na legislação brasileira, especialmente após a criação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), que reforçou a punição para agressores e ampliou as medidas de proteção às vítimas.

Conforme orienta o portal Aurum, esse tipo de crime se aplica quando a agressão ocorre contra cônjuge, companheiro, ascendentes, descendentes ou pessoas que convivem no mesmo ambiente doméstico.

A pena para lesão corporal leve nesses casos foi alterada, passando de seis meses a um ano para um intervalo de três meses a três anos de detenção.

Outro ponto importante é que o princípio da insignificância não se aplica, ou seja, mesmo que a lesão seja mínima, o agressor responderá criminalmente. Além da punição criminal, a vítima pode solicitar medidas protetivas para garantir sua segurança.

Qual a relação entre lesão corporal e legítima defesa?

Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, o artigo 25 do Código Penal entende que legítima defesa ocorre quando alguém se protege de uma agressão injusta, desde que use os meios necessários sem excesso.

No caso da lesão corporal, se a agressão causar ferimentos no agressor, o ato pode ser justificado como legítima defesa. No entanto, para que isso ocorra, é necessário provar que a resposta foi proporcional à ameaça sofrida.

Se houver excesso na defesa, o autor pode responder por lesão corporal culposa ou dolosa, dependendo da gravidade do caso. A análise da legítima defesa é feita com base em provas, depoimentos e circunstâncias do ocorrido, sendo fundamental uma avaliação detalhada do juiz.

Lesão corporal contra menores e idosos tem punição mais severa?

A legislação brasileira prevê punições mais severas para crimes de lesão corporal contra menores e idosos, pois esses grupos são considerados mais vulneráveis e dependem do cuidado de terceiros.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o Estatuto do Idoso estabelecem penalidades agravadas para quem praticar violência ou negligência contra idosos e crianças, pois além do dano físico, há a violação do dever de proteção.

O Projeto de Lei 4.626/2020, aprovado pela Comissão de Direitos Humanos, propõe o aumento das penas para crimes como maus-tratos e abandono de incapaz. Se a vítima sofrer lesão corporal grave, a pena pode chegar a sete anos de reclusão. Em casos de morte, a punição pode ser ampliada para 14 anos.

Além disso, a nova proposta substitui a detenção por reclusão em algumas situações, dificultando a concessão de benefícios penais aos agressores. Essas mudanças refletem a necessidade de maior rigor para proteger aqueles que não podem se defender.

Portanto, a lesão corporal leve não deve ser banalizada, pois pode evoluir para violências mais graves. A lei garante punição aos agressores, especialmente em casos de violência doméstica, contra menores ou idosos. Buscar medidas legais é essencial para impedir a impunidade e proteger as vítimas.

Gostou de entender mais sobre o processo judicial diante de uma lesão corporal leve? Que tal estudar com as autoridades mais renomadas na área do Direito no país?

  • Conheça todo nosso portfólio de cursos de graduação, pós-graduação (presencial e EaD), mestrado e extensão da Escola Paulista de Direito e estude com os professores mais renomados do Brasil!
  • Quer saber mais sobre a EPD? A Escola Paulista de Direito possui 20 anos de experiência em ensino superior na área de Direito com reconhecimento do MEC e conta com milhares de estudantes matriculados, tanto no curso de graduação quanto nos cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu. Faça parte da nossa história! Entre em contato agora mesmo com um dos nossos consultores e comece sua trajetória profissional no Direito!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.
Pular para o conteúdo