Pesquisa foi feita com 12.007 pessoas que morreram vítimas da doença só na capital Em dias quentes, em que os termômetros ultrapassam a casa dos 24 graus, o risco de morte por enfarte agudo do miocárdio aumenta 11% na capital, atesta pesquisa realizada pela Sociedade Paulista de Cardiologia (Socesp). Para chegar ao resultado, os pesquisadores analisaram 12.007 casos de vítimas fatais de “pane do coração”.O impacto direto das altas temperaturas em um dos órgãos mais importantes do corpo humano foi medido por meio do cruzamento de três bancos de dados. Um de morte por enfarte (fornecidos pela Prefeitura), outro sobre concentração de poluentes (mensurado pela Cetesb) e um terceiro sobre a temperatura média diária (medida pelo Instituto de Geofísica da Universidade de São Paulo). “Entre 20 e 21 graus foi obtida a menor taxa de enfarte”, afirma um dos autores do estudo, Luiz Antônio César, vice-presidente da Socesp e médico do Incor. “A medida que a temperatura aumentou, o risco de problemas também cresceu, atingindo um acréscimo de 11% na escala entre 23,8 e 28 graus”, completa.Ontem, informa o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os paulistanos enfrentaram mais um dia em que a condição climática foi arriscada ao coração. A média diária ficou em 33,3 graus. Em Itaquera, zona leste, o sol brilhou ainda mais forte, subindo os termômetros para os 35,6 graus, mostrou o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE). No domingo, a taxa de 34,1 graus deu para o dia 1º de março o recorde de calor deste mês, desde que as medições começaram, no ano 1943.A explicação para o calor influenciar no risco de problemas cardiovasculares é que o suor em excesso promove a concentração de colesterol, queda da pressão e deixa o sangue mais denso, condições ideais para o enfarte e derrame. Conclusões semelhantes estão em outro estudo brasileiro, publicado na Revista de Saúde Pública, feito com 7 mil pacientes que chegaram aos prontos-socorros em 1993. Foi concluído que 4,9% das internações anuais por enfartes e 2,8% das de derrame são devido à alta temperatura. Não é apenas o coração o único que adoece em dias bem quentes. Paulo Olzon, clínico geral da Unifesp, lembra que os efeitos na saúde são vários e que algumas pessoas, em especial os idosos, podem até mesmo morrer de calor. “Um diagnóstico que quase não é feito no Brasil, mas que existe. É a hipertermia, quando o corpo não consegue eliminar o calor, situação muito comum de ser relatada em países da Europa e nos EUA.”Um relatório publicado em 2005 pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention), entidade norte-americana, apontou que entre 1979 a 2002, 4.780 mortes foram atribuídas à exposição ao calor extremo.As sequelas provocadas pelas altas temperaturas passam ainda pelos problemas de pele, diarreias e até dor de cabeça (veja os principais ao lado). Por causa da lista extensa de problemas de saúde, ontem a Secretaria de Estado da Educação informou que todos os professores de educação física foram orientados a poupar os estudantes nas aulas, já que os exercícios são desaconselhados para dias muito quentes. A previsão é que o calorão não dará trégua até sexta-feira. De acordo com a meteorologista do Inmet, Ester Ito , os termômetros não baixam, as chuvas devem ser isoladas e só no fim da semana deve chegar uma frente fria. Os especialistas são unânimes ao ressaltar qual é o remédio mais eficaz para prevenir todos os problemas provocados pelo calor: a hidratação. Muito líquido, muita água, várias vezes ao dia, protege até contra o enfarte. TEMPERATURA ALTA AGRAVA ENFARTE E AVCO aumento brusco de temperatura provoca um suor severo que pode resultar na queda da pressão arterial. Além disso há aumento na viscosidade do sangue, da concentração de colesterol . Estes fatores facilitam o aparecimento de trombos, os causadores do enfarte – quando comprometem o coração – ou do AVC – quando o órgão comprometido é o cérebroDOENÇAS DE PELEA exposição ao sol facilita a proliferação de fungos e bactérias, vetores de micoses e outras doenças de pele. Até os banhos podem ser prejudiciais, já que quando aumenta o número de banhos tomados por dia, a oleosidade da pele diminui, justamente o que funciona como uma defesa da pele DESIDRATAÇÃOA transpiração excessiva, sem a reposição de água, pode provocar a desidratação que, quando severa, resulta em febre altíssima, convulsão e morte. Por isso, em dias quentes é preciso usar e abusar dos líquidosINSOLAÇÃOTemperatura do corpo fica alta devido à exposição ao sol, o que provoca intensa falta de ar, dor de cabeça, náuseas e tontura. Também potencializada pela não hidratação do corpo e pode aparecer associada à desidratação MAU HUMORCientificamente só foi atestada a relação entre aumento da depressão em dias de inverno. Mas os especialistas alertam que o calor é um dos combustíveis da irritabilidade, do incômodo que se manifestam no “mau humor”DIARREIAAs infecções intestinais são mais comuns nesta época do ano, verão, e uma das explicações pode estar no gelo. Muito requisitado para tornar os refrigerantes, água e sucos mais atrativos, a água no estado sólido pode não ser filtrada, estar contaminada e provocar os surtos DOENÇAS RESPIRATÓRIASAlém das crises de asma, bronquite e rinite acontecerem com maior frequência devido o tempo seco, os resfriados e gripes também são potencializados pelo clima quente. O organismo precisa de um tempo para se adaptar às mudanças de temperatura e como nesta época elas são bruscas, isso facilita a transmissão DENGUEO mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti se prolifera mais facilmente em temperaturas quentes, o que aumenta a chance de infecção. Em dias normais, o ciclo reprodutivo do inseto é de 15 dias, que se reduz para cinco quando os termômetros ultrapassam a casa dos 30 grausCRISES DE ENXAQUECA E DOR DE CABEÇAUm dos fatores que potencializa a crise de dor de cabeça é o calor. O paciente que sofre de enxaqueca, normalmente, reage mal à mudança brusca de temperatura – promovida principalmente quando o escritório é agraciado pelo ar-condicionado e a rua castigada pelo calor, a luz solar e o trânsito Fonte Jornal da Tarde
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