
Common Law e Civil Law são mais do que sistemas jurídicos, eles refletem diferentes formas de enxergar a Justiça, o papel do Estado e até a forma como a sociedade se organiza.
Já parou para pensar por que alguns países valorizam decisões passadas e outros seguem à risca o que está escrito na lei? E como isso afeta, na prática, o direito das pessoas, o trabalho dos juízes e a atuação dos advogados?
No post de hoje, vamos explicar o que são os sistemas Common Law e Civil Law, mostrar quais países adotam cada modelo, apontar suas principais diferenças e como esse conhecimento pode impactar sua formação e carreira na área jurídica.
O que é Common Law?
Antes de entendermos a diferença entre Common Law e Civil Law, vamos analisar os conceitos de cada um e quais país adotam cada modelo.
Conforme orienta o portal Aurum, o Common Law é um sistema jurídico que surgiu na Inglaterra, no século XII, como uma forma de organizar a relação entre o rei e os proprietários de terra. Na época, não existia um conjunto de leis unificado, e os conflitos por posse de terras eram comuns. Por isso, foi criado um “direito comum” que pudesse valer para todo o país e garantir mais estabilidade.
Uma das principais características do Common Law é que ele não é baseado em códigos escritos, como o Código Civil ou o Código Penal que usamos no Brasil. Nesse sistema, as decisões dos juízes em casos anteriores servem como modelo para resolver novos processos semelhantes. Isso é o que chamamos de “precedente”.
Com o tempo, o Common Law ajudou a fortalecer o poder do Estado e a proteger a propriedade privada. Nesse modelo, o papel dos juízes é central: suas decisões ajudam a construir as regras jurídicas ao longo do tempo, tornando o sistema mais flexível e capaz de se adaptar às mudanças da sociedade.

Países que adotam o Common Law
O Common Law está presente em diversos países que foram influenciados pela colonização britânica. Embora cada nação tenha adaptado o modelo à sua realidade, a base jurisprudencial permanece comum. Confira:
- Inglaterra: Origem do sistema, onde decisões judiciais moldam o Direito até hoje.
- Estados Unidos: Adota o Common Law em quase todos os estados, com forte uso de precedentes.
- Canadá: Sistema misto, mas com predominância do Common Law, exceto em Quebec.
- Austrália: Segue o modelo britânico, com tribunais que valorizam decisões anteriores.
- Índia: Estrutura jurídica baseada em precedentes, mesmo com constituição própria.
- África do Sul: Sistema híbrido, com influência britânica e uso de jurisprudência.
Vantagens e desvantagens do Common Law
O Common Law tem como vantagem a flexibilidade, já que as decisões judiciais acompanham as mudanças sociais. O uso de precedentes garante coerência e previsibilidade nos julgamentos. Além disso, casos concretos moldam o Direito de forma mais dinâmica.
Por outro lado, suas desvantagens incluem a complexidade para encontrar decisões aplicáveis, o que pode dificultar a compreensão do sistema por leigos. Também há insegurança jurídica quando precedentes são contraditórios. O papel ativo do juiz pode gerar interpretações distintas, o que exige maior preparo técnico e pode aumentar a subjetividade nas decisões.
O que é Civil Law?
Quando falamos em Common Law e Civil Law, estamos nos referindo aos dois principais sistemas jurídicos utilizados no mundo. Conforme explica o portal JusBrasil, o Civil Law, também conhecido como direito romano-germânico, é um sistema jurídico baseado em leis codificadas e organizadas em códigos e estatutos.
Diferente do Common Law, onde as decisões judiciais moldam o Direito, no Civil Law os juízes atuam como aplicadores da lei, interpretando as normas escritas, mas sem criar novos entendimentos jurídicos com base em julgamentos anteriores.
Esse modelo surgiu na Europa continental, a partir da redescoberta do Direito Romano após a Idade Média. Seu principal objetivo é garantir que as leis sejam claras, acessíveis e previsíveis, permitindo que todos os cidadãos compreendam seus direitos e deveres com base em textos legais.
O Brasil adota o Civil Law desde a colonização portuguesa. Aqui, o Direito é estruturado a partir de códigos, como o Código Civil e o Código Penal já citados anteriormente, que estabelecem normas gerais aplicáveis a todos.
Assim, embora decisões de tribunais superiores possam ter peso, o foco principal continua sendo o respeito às leis previamente escritas.
Países que seguem o modelo Civil Law
O sistema Civil Law está presente em grande parte do mundo, especialmente na Europa continental e em países que foram colônias de nações europeias. Veja alguns exemplos:
- Brasil: Adota o Civil Law desde a colonização, com forte influência do Direito português.
- França: Considerado um dos berços do modelo moderno, com o Código Napoleônico.
- Alemanha: Referência pelo detalhamento técnico e rigor conceitual de seus códigos.
- Japão: Implementou o Civil Law no século XIX, com influência alemã e francesa.
- Itália: Também seguiu o modelo romano-germânico, com códigos estruturados.

Quais são os principais códigos do Civil Law no Brasil?
No Brasil, os principais códigos que estruturam o sistema jurídico são:
- Código Civil: Regula relações entre pessoas físicas e jurídicas (família, contratos, sucessões, etc.).
- Código Penal: Define crimes e estabelece punições.
- Código de Processo Civil (CPC): Disciplina como os processos civis devem tramitar.
- Código de Processo Penal (CPP): Define o rito dos processos criminais.
- Código de Defesa do Consumidor (CDC): Protege os direitos dos consumidores.
- Código Tributário Nacional (CTN): Organiza o sistema fiscal e tributário.
Esses códigos organizam o Direito de forma escrita, sistemática e aplicável a todos, sendo a base do Civil Law brasileiro.
Principais diferenças entre Common Law e Civil Law
Embora ambos sejam sistemas jurídicos amplamente utilizados, Common Law e Civil Law se diferenciam em pontos essenciais. A seguir, veja essas diferenças explicadas de forma clara, com exemplos reais que mostram como esses modelos funcionam na prática.
Fonte principal do Direito:
- Common Law: A base são as decisões judiciais anteriores, conhecidas como precedentes. Por exemplo, nos Estados Unidos, o caso “Roe v. Wade” (1973) serviu como referência legal sobre o direito ao aborto por décadas, moldando julgamentos em todo o país.
- Civil Law: A principal fonte são leis escritas e codificadas. No Brasil, por exemplo, o Novo Código Civil regula contratos, heranças e obrigações, sendo aplicado mesmo sem precedentes anteriores.
Papel do juiz:
- Common Law: O juiz interpreta e cria regras jurídicas com base nos casos julgados. É comum que ele tenha um papel mais ativo e suas decisões influenciem processos futuros.
- Civil Law: O juiz aplica a lei existente de forma mais limitada. Em um processo de guarda no Brasil, por exemplo, o juiz decide com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e não em sentenças anteriores.
Flexibilidade e adaptação:
- Common Law: Mais flexível, pois evolui com os casos práticos. A Suprema Corte do Reino Unido, por exemplo, pode alterar entendimentos antigos conforme novas demandas sociais.
- Civil Law: Mais rígido, pois depende de alterações legislativas. Para mudar o entendimento sobre um crime no Brasil, é preciso modificar o Código Penal por meio do Congresso Nacional.
Previsibilidade jurídica:
- Common Law: Pode gerar insegurança quando há decisões conflitantes entre tribunais.
- Civil Law: Garante maior previsibilidade, já que a lei escrita se aplica a todos, independentemente da interpretação judicial anterior.
Essas diferenças entre Common Law e Civil Law ajudam a entender como cada sistema opera na prática e impacta o cotidiano jurídico em seus respectivos países.
Qual sistema é mais eficiente?
Não existe um sistema jurídico universalmente melhor entre Common Law e Civil Law. Cada modelo foi construído com base na história, cultura e estrutura política dos países em que é aplicado. Por isso, tentar compará-los em termos de eficiência absoluta pode ser uma armadilha.
O Common Law traz flexibilidade e adaptação rápida a novas situações, mas pode gerar insegurança jurídica quando decisões divergentes coexistem. Já o Civil Law oferece estabilidade e previsibilidade, mas pode ser lento para acompanhar mudanças sociais e tecnológicas.
Na prática, a eficiência depende muito mais de como o sistema é implementado, fiscalizado e acessível à população do que do modelo em si. Há países com excelentes resultados em ambos os formatos.
Assim, o mais importante é que o sistema funcione de forma justa, transparente e eficaz, independentemente de ser baseado em precedentes ou em códigos escritos.
Como o conhecimento desses sistemas impacta a carreira jurídica?
Conhecer os fundamentos do Common Law e Civil Law amplia significativamente a atuação de quem trabalha com Direito.
Em áreas como contratos internacionais, direito empresarial, arbitragem e compliance, é comum lidar com legislações estrangeiras. Ter domínio sobre esses sistemas permite interpretar melhor cláusulas contratuais, dialogar com profissionais de outros países e prestar consultoria jurídica com mais precisão.
Esse conhecimento também é valorizado em concursos, pós-graduações e oportunidades no exterior. Também ajuda a desenvolver uma visão mais crítica sobre o próprio sistema brasileiro, tornando o profissional mais estratégico, versátil e preparado para desafios jurídicos globais.
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