A Igreja Universal do Reino de Deus é alvo de 64 processos no
Tribunal de Justiça de São Paulo. Um deles salta aos olhos pelo valor
do pedido de indenização: R$ 1,8 milhão. Na ação de março deste ano,
movida pelo escritório Marzagão, Amaral & Leal, o lavador de carros
Edilson Cesário Vieira sustenta que foi induzido por bispos da Igreja a
doar R$ 1 milhão. Além de acusar a Igreja de forçá-lo a fazer a doação,
o lavador de carros reclama que, como não tinha o dinheiro, ficou com
uma dívida que está muito além de suas possibilidades.Vieira
alega que os bispos da Iurd o convenceram a pegar empréstimos para
fazer doações altas. Em troca, os bispos rezariam para que ele ganhasse
uma ação trabalhista no valor de R$ 12 mil. Segundo o autor da ação, os
bispos o convenceram de que se tratava de uma causa milionária.A
gerente jurídica da Iurd, Adriana Guerra, informou que a igreja ainda
não foi citada nessa ação. Mas afirma que vai alegar litigância de
má-fé pelo fato de Vieira ter movido duas ações idênticas contra a
Igreja. “Ele moveu duas ações com as mesmas partes e os mesmos pedidos.
Não tem fundamento. Além de serem pedidos discrepantes”. Efetivamente,
Vieira moveu uma outra ação contra a Igreja, em 2007, que difere da
atual somente quanto ao valor da indenização pedida.Indenização a receberO lavador de carros argumenta, na ação, que é uma pessoa simples e de
pouca instrução. Sabe apenas assinar o próprio nome. Quando os bispos
da igreja souberam que ele tinha uma indenização a receber, convocaram
uma reunião na sede da Iurd com empresários e o alto escalão da
Universal. Entre eles, os bispos Edir Macedo e Romualdo Panceiro,
apontado como o sucessor de Macedo na alta hierarquia da Iurd. No
encontro, ainda segundo a ação, os bispos disseram que Vieira deveria
contribuir com 10% do valor que estava para receber e o fizeram
acreditar que era uma indenização milionária.Na
reunião, o lavador fez empréstimos da ordem de R$ 1 milhão com os
empresários. De acordo com ele, os pastores rezaram com intensidade.
Vieira venceu a disputa pendente na Justiça, mas a indenização que
recebeu foi de apenas R$ 12 mil. As notas promissórias dos empréstimos
que fez venceram., e o seu nome ficou sujo na praça.O principal
argumento do escritório Marzagão, Amaral & Leal é que houve ação
dolosa por parte dos dirigentes da Iurd. Para fundamentar essa tese, o
autor da ação evoca o jurista Clóvis Bevilácqua. “Dolo é artifício ou
expediente astucioso, empregado para induzir alguém à prática de um ato
jurídico, que o prejudica, aproveitando ao autor ou a terceiro.”
Segundo os advogados, os bispos agiram de má-fé, foram maliciosos e
ficaram com todo valor arrecado em empréstimos por Vieira, que não teve
seu patrimônio aumentado. Pelo contrário, contraiu uma dívida
milionária.Processo 583.00.2010.128663-9 Fonte Consultor Jurídico
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